Um ano antes de me formar tive que começar a pensar no meu TCC.....
Como ja contei a vc´s la no primeiro post.
Então hoje vou passar para vc´s a metodologia utilizada e os resultados apresentados na minha pesquisa.
Materiais e Métodos: Realizados no lar para idosos Vivencia Feliz, no período de maio a outubro de 2003, com 4 idosos com diferentes condições fisicas.
20 sessões de fisioterapia assistida por animais com freqüência de 3 vezes por semana e duração de 50 min por sessão.
Os 4 idosos passaram por uma avaliação fisioterapêutica geriátrica inicial. Após a avaliação foram iniciadas as sessões de fisioterapia assistida por cães. Ao final das mesmas os pacientes foram reavaliados para análise dos resultados.
Foram elaborados 10 exercícios, utilizados de acordo com os objetivos, necessidade e possibilidade de cada idoso baseando-se na avaliação inicial, tendo em vista a maior integração fisioterapeuta-animal-idoso.
Discussão:
Os idosos institucionalizados apresentam grande dificuldade em integrar-se socialmente, pelo auto-isolamento e isolamento social, muitas vezes desconhecendo até mesmo o residente do quarto ao lado. Apresentam resistência à fisioterapia e outras terapias, que é influenciada pelo alto grau de ansiedade, depressão, medo e não aceitação de uma condição limitadora.
A paciente L.C.B. (Caso 4) durante as sessões de fisioterapia assistida por animais sorriu e interagiu de forma muito satisfatória com os cães, terapeuta e voluntários, obtendo boa verbalização e sociabilização. O mesmo ocorreu com o paciente P.V ( Caso 2) que no início apresentou uma timidez acentuada, quase não conversando com o terapeuta e o voluntário, com o passar das sessões foi perdendo a timidez que acabou transformando-se em alegria e integração tanto com o animal quanto com o terapeuta e o voluntário. O cão tornou-se um foco de dialogo entre os idosos, favorecendo a integração entre eles.
A paciente L.C.B. (Caso 4) mesmo quando se recusava a realizar os exercícios era convencida a caminhar com o cão, devido à necessidade de passear do cão relatada pelo voluntário. Durante o passeio a paciente se negava a receber ajuda na condução da guia do cão e respondia melhor quando o cão exercia uma certa tração na guia. Este prazer em andar com o cão foi relatado por diversos autores Hart5, Friedmann26, Straw11 e Buttram.25
Foram selecionados para o trabalho idosos que tinham afinidades com os cães, apesar de seguido esses critérios notamos diferenças na adaptação dos idosos.
A paciente M.J. (Caso 3) não tinha uma boa aceitação de cães de grande porte, devido ao medo de ser machucada pelo cão durante suas brincadeiras ou de ser empurrada da cadeira, não estando algumas vezes disposta a realizar os exercícios, referindo dores que passavam quando o fisioterapeuta não insistia mais na realização da fisioterapia assistida por cães.
A paciente L.C.B. (Caso 4), com forte depressão e variação do humor, apresentava-se inativa, não comunicativa e de olhos fechados a maior parte do tempo. Na presença do cão a paciente abria os olhos, atendia aos comandos verbais, tornando-se ativa e comunicativa. Quando cansada a paciente simplesmente “apagava” (dormia), sendo acordada em seguida pelo fisioterapeuta com a ajuda do cão. A paciente possuía uma grande necessidade de resposta do cão, ou seja, só realizava alguns dos exercícios se o cão estivesse atento ao seu movimento. A paciente apresentava boa relação com os animais, porém, possuía uma grande aversão à saliva e a pêlos longos, não querendo que sua roupa fosse suja por pêlos e não gostava quando o cão babava em sua mão. O problema foi resolvido quando colocado um pano em seu colo, para secar os objetos antes do manuseio e proteger sua roupa, estas adaptações são importantes para que o idoso possa interagir com o cão da melhor forma possível, mantendo a vontade de realizar os exercícios.
Os pacientes M.M e P.V (Caso 1 e 2) mostraram um quadro semelhante de adaptação sempre demonstrando carinho e afeto, afagando e brincando com o cão, possuíam uma ótima integração com os cães independente da raça e do porte.
A fisioterapia assistida por cães é indicada para pacientes que gostam e conseguem estabelecer vínculo com os animais. Os pacientes que não gostam ou tem medo dos animais, antes de começar a fisioterapia assistida, devem ser adaptados ao animal.
A paciente M.M (Caso 1) apresentou boa evolução em relação à avaliação inicial. Apresentou na avaliação final, ausência de dor e aumento da força muscular. Apresentou ortostatismo com auxílio do terapeuta, conseguindo permanecer por mais tempo na posição e mantendo menor flexão de quadril e joelhos. Realizou todas as vinte sessões sempre de forma muito dedicada e esforçada, apresentando uma grande satisfação com os exercícios promovidos com o cão.
O Sr. P.V.(Caso 2) também obteve boa evolução em relação à avaliação inicial. Apresentou na avaliação final, melhora do equilíbrio funcional, aumento da amplitude de movimento e aumento da força muscular. Apresentou na avaliação postural a ausência da flexão de quadril antes apresentada e marcha com maior velocidade e sem festinação. Realizou as vinte sessões de forma muito satisfatória e com boa integração com o cão.
A Sra. M.J. (Caso 3) não apresentou um quadro de melhora tão evidente quanto os outros dois pacientes, acima citados. Apresentou na avaliação final, ausência da dormência em membros inferiores, aumento da amplitude de movimento e apresentou aumento da força muscular Conseguiu trocar pequenos passos com festinação e em tesoura, com apoio do terapeuta, durante a transferência da cadeira de rodas para a cadeira normal, não realizando extensão do quadril e joelhos. Consideramos que o fato de não ter realizado todas as 20 sessões, ter realizado os exercícios pouco motivada e não ter uma boa adaptação aos cães de grande porte, tenha contribuído para esse resultado.
A paciente L.C.B.(Caso 4), também não apresentou grandes evoluções em relação à avaliação inicial. Apresentou na avaliação final, aumento da amplitude de movimento da flexão do ombro esquerdo, aumento da força muscular dos extensores de joelhos bilateralmente e dos flexores do joelho esquerdo. Apresentou menor anteriorização do centro de gravidade durante a marcha, que foi realizada sem apoio, com menor flexão de tronco sem dificuldade para alinhá-lo e festinação ocasional dos pés. Na avaliação postural não apresentou a rotação interna dos membros inferiores. A enfermagem relatou que a paciente L.C.B. (Caso 4), após iniciar a fisioterapia assistida por cães, encontrava-se mais ativa e colaborativa em suas atividades de vida diária, apresentando-se menos agressiva. Acreditamos que a não realização de todas as sessões, o quadro de depressão e a permanência da inatividade fora dos horários da fisioterapia, tenham influenciado no resultado.
As diferenças apresentadas nos resultados podem estar relacionadas à ligação que os pacientes tinham com os animais. Os idosos M.M e P.V. (Caso 1 e 2) apresentavam uma melhor integração com os cães obtendo assim um melhor resultado, comprovando a teoria relatada por Hart5, Odendaal13, Siegel27 e Banks e Banks15, onde a melhor interação promove o melhor resultado.
A fisioterapia assistida por cães não substitui a fisioterapia convencional na realização de procedimento fisioterapêuticos que requer o contato direto do fisioterapeuta, como alongamento passivo, mobilização passiva, normalização tônica e outros. Porém, somente a presença do cão durante a fisioterapia convencional é suficiente para um melhor resultado, conforme descrito por Buttram25, por ajudar o paciente a relaxar o tônus muscular, diminuir a dor, diminuir a ansiedade, reduzir a pressão arterial e proporcionar a sensação de segurança ao paciente.
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